Blog Pedagógico C.M. Rui Barbosa

Este Blog foi criado para atender à necessidade de acesso a informações imediatas e importantes, referentes ao processo pedagógico e ao cotidiano do Colégio.

Iniciamos as postagens pelo Projeto Político-Pedagógico, em sua versão resumida, elaborada no início de 2011, por entendermos que se trata do instrumento que dá sustentação aos rumos da escola.


Em virtude do layout do Blog, as postagens ficaram em ordem invertida. Os links à esquerda ajudam na localização dos itens.


Esperamos que todos aproveitem a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido pelo C. M. Rui Barbosa, nos últimos anos.


terça-feira, 8 de março de 2011

13- Princípios Filosóficos

A dimensão filosófica do Projeto Político-Pedagógico diz respeito à dimensão ideológica do Projeto, ao sentido político que é dado à escola, uma vez que esta não é um espaço neutro; isto é, todas as suas ações, conscientemente ou não, têm uma intencionalidade.

Os princípios filosóficos dizem respeito à nossa visão de mundo, às concepções mais gerais em relação ao projeto de sociedade que queremos, ao papel da educação e à função social da escola.

PRINCÍPIOS NORTEADORES

• A realidade do mundo pode mudança
- Crença na possibilidade de mudança no mundo, sendo que tal mudança será possível através da ação, da intervenção dos indivíduos.

- Visão de mundo de acordo com a perspectiva dialética, de movimento, de possibilidade de mudança, de transformação ou mesmo de ruptura .
- Visão de sujeito histórico, ou seja, entende-se que a história é resultado da ação transformadora do homem no tempo.

- O indivíduo é um sujeito mergulhado em um contexto histórico-social concreto, podendo mudar ou conservar a realidade em que vive. Em nosso caso, optamos pela mudança.

• Projeto de sociedade que valoriza o ser humano e o coletivo
- Sociedade com característica individualista e, conseqüentemente, violenta. Resposta coerente com o modelo econômico e político que temos, ou seja, a sociedade capitalista, que, além da forma de ser da economia, apóia-se em um conjunto de idéias e formas de agir e pensar para justificar esse sistema.

- Além da competição, da defesa da propriedade privada e da efemeridade das relações, o individualismo é um dos princípios que sustentam as idéias liberais (gênese do liberalismo clássico). Considera que o indivíduo tem direitos naturais e que deve ser respeitado por possuir aptidões e talentos próprios. Segundo as características citadas anteriormente, a riqueza ou a pobreza dependem da vontade, da capacidade, do mérito de cada um, independente do contexto sócio-econômico-político-cultural. Vencer ou não vencer transforma-se numa “escolha” que depende do indivíduo e não da sociedade em que vive. Podemos considerar como uma das características essenciais do capitalismo, o modelo de sociedade que coloca as relações comerciais, as coisas, no centro da existência humana.

- O projeto de sociedade indicado pela comunidade do CMRB é inverso a esta proposta: queremos uma sociedade com oportunidade para todos, democrática, solidária e conscientizada, valores que apontam para uma sociedade que coloca o coletivo como centro, uma sociedade que valoriza o SER e não o TER.

• Educação como transformadora da sociedade
- Em sua relação com a sociedade, a educação pode ser compreendida como redenção, (papel conservador), como reprodução (papel reprodutor) ou como um meio de transformação (papel transformador) da sociedade, conforme Luckesi (1992).

- A comunidade escolar acredita que o CMRB deve contribuir para a mudança da sociedade, porque é uma das suas funções básicas.

- Reforçamos que, sozinha, não há possibilidade de a escola efetivar mudanças.

A escola é um espaço privilegiado nesse processo, mas não o único espaço. Nesse caso, o Colégio precisa contar com muitos outros parceiros (outras instituições e setores da sociedade, em nível governamental e não-governamental) para realizar ações transformadoras, desde os que se disponibilizam a colaborar com as dificuldades decorrentes da precariedade do espaço físico, até os que se envolvem nas suas lutas por melhorias na educação.

- O Colégio precisa refletir e mudar algumas de suas ações, para que haja maior coerência entre o discurso e a prática, entre o que diz e o que faz, principalmente após definir seus princípios filosóficos.

• Formação integral do aluno
- Opção pela formação integral do aluno.

- Definimos como educação integral aquela que visa desenvolver o sujeito em suas múltiplas dimensões: física ou biológica, cognitiva, social, afetiva, inter e intra- relacional, espiritual, técnico-científico-profissional, político-ideológica, cultural e estética, ética e moral..., o que poderia ser resumido na expressão educação onilateral ou educação ominilateral, usada por Marx “para chamar a atenção de que uma práxis educativa revolucionária deveria dar conta de reintegrar as diversas esferas da vida humana que o modo de produção capitalista prima por separar”. (In Princípios da Educação no MST, 1996, p. 8).

- Ao sugerir um novo modelo de projeto político-pedagógico para o Ensino Médio, para que os jovens desenvolvam conhecimentos, habilidades cognitivas e comportamentais que lhes permitam trabalhar intelectualmente e pensar praticamente, Kuenser (2007: 58-59) orienta: “Este novo projeto, portanto, trabalhará o desenvolvimento articulado de conhecimentos, emoções, atitudes e utopias, unificando a razão, mãos e sentimento, na perspectiva da ominilateralidade, ou seja, do desenvolvimento humano em sua integralidade, em substituição à unilateralidade objetivada pelo taylorismo-fordismo”.

- A educação onilateral se opõe, portanto, a uma educação unilateral, que se preocupa apenas com uma ou outra das dimensões do ser humano, um lado da pessoa de cada vez, fragmentando o sujeito, o que pode contribuir para a sua alienação.

- A educação no CMRB permaneça garantindo o caráter onilateral ou integral, como já tem sido o seu desejo ao longo de sua história. As dimensões ética, emocional, social devem ser compreendidas em sua unicidade.

- Coerentes com os referenciais acima, o CMRB deve manter como principais propósitos o desenvolvimento da sensibilidade, a formação ética e de cidadania, o gosto pela reflexão, o amor pela leitura e pela escrita e não apenas que priorize a transmissão de informações.

- Reconhecemos a importância da preocupação com a inclusão dos alunos no mundo do trabalho e/ou na universidade. Estamos comprometidos com o futuro de nossos jovens. Queremos formar pessoas aptas para atuar nos diversos campos profissionais, queremos saber de seu sucesso profissional, mas, acima de tudo, queremos contribuir para a formação de pessoas com dignidade humana, responsáveis, cidadãs e felizes.

- A preparação para o vestibular é uma conseqüência dessa formação mais ampliada. O vestibular não é um fim do Colégio, é uma conseqüência. O CMRB prepara o aluno também para o vestibular, pois, na formação integral do aluno, o vestibular faz parte do processo. Se o aluno tem boa formação e se ele próprio se compromete com a sua aprendizagem, vai passar em concurso, em vestibular...

- Perfil que o aluno do CMRB deveria apresentar ao concluir seus estudos: alunos com consciência de cidadania e com conhecimentos e vivências, ou seja, experiências vivenciadas no Colégio (de participação, de autonomia, de democracia etc.

- Consciência de cidadania não apenas como consciência de direitos e deveres, mas consciência de cidadania participativa, compromissada com o coletivo.

- Para formar o aluno com o perfil acima, os professores devem ter compromisso com a formação integral do aluno.

• A escola é laica
- De acordo com alguns professores, uma das dificuldades que vêm sendo enfrentadas é a aceitação do conhecimento científico, por parte de alguns alunos, devido acreditarem que este conhecimento se contrapõe aos seus conhecimentos religiosos, entendidos como verdades absolutas.

- Como sabemos, os fenômenos que acontecem no mundo podem ser explicados através de diferentes tipos de conhecimento: senso comum ou popular, religioso, filosófico, científico.

- O resultado da pesquisa com a comunidade escolar revela que apenas o grupo de professores indica, em sua maioria, a razão, os conhecimentos científicos para explicar os fenômenos. Os demais explicam o que acontece no mundo de forma religiosa.

- Reforçamos o aspecto legal: a escola pública é laica, ou seja, não religiosa, está fora do âmbito religioso.

- O Colégio deve respeitar todas as crenças e religiões e trabalhar com os valores humanos universais. Deve valorizar o conhecimento científico na explicação dos fenômenos.

• Gestão democrática

A gestão democrática é um princípio essencial à própria construção do PPP, uma vez que este exige o envolvimento de toda a comunidade escolar.

A gestão democrática abrange as dimensões pedagógicas, administrativas e financeiras. Exige uma ruptura na prática administrativa não-participativa da escola, com enfrentamento de problemas históricos. Entende a escola pública como lugar do debate e do diálogo fundados na reflexão coletiva. Inclui, necessariamente, a ampla participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas decisões e ações administrativas e pedagógicas.

- “A participação mais ampla assegura a transparência nas decisões, fortalece as pressões para que sejam legítimas, garante o controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo, contribui para que sejam contempladas questões que de outra forma não estariam em cogitação”. (Marques apud Veiga, 1997, p. 18).

- A gestão democrática implica o repensar da estrutura de poder da escola. Teremos uma nova lógica de poder: o poder compartilhado, que propicia a prática da participação coletiva; o poder solidário, que atenua o individualismo e supera a opressão.

- A gestão democrática reforça a autonomia da escola, atenuando “a dependência de órgãos intermediários que elaboram políticas educacionais das quais a escola é mera executora”. (Veiga, 1997, p. 18).

- A direção do CMRB deve ter como prática planejar e organizar suas ações, respeitando sempre as decisões coletivas.

- O planejamento participativo é uma prática da direção que deve ser mantida, buscando ampliar a participação direta de representantes dos diversos segmentos do Colégio.

- Acreditamos que o compromisso com o espaço público e o espírito de cooperação podem contribuir para resolver as lacunas e imprevistos geradores de desorganização, ocasionados muitas vezes pela dinâmica acelerada do cotidiano escolar.

- Os funcionários escolares não docentes (serventes, inspetores de alunos, auxiliares de secretaria) são considerados também como educadores.

- Em favor de um ambiente de aprendizagens colaborativas e interativas, todos os integrantes do CMRB devem ser respeitados como protagonistas do processo educativo.

- Queremos romper de vez com o véu do preconceito histórico com os funcionários escolares, muitas vezes vistos por eles mesmos apenas como tarefeiros ou trabalhadores braçais, incompetentes para o desenvolvimento de ações educativas.

Para isso, propõe-se um trabalho de formação continuada e em serviço.

- Há necessidade de aproximar a relação do Colégio com as famílias. É desafio, portanto, buscar estratégias alternativas para construir uma participação mais efetiva das famílias e, inclusive, resgatar a relação com a comunidade local (vizinhança).

- Principais ações sugeridas para melhorar tal aproximação: adequar os dias e os horários de reuniões de acordo com a disponibilidade dos responsáveis e envolver mais os pais nas decisões.

A QUESTÃO DOS VALORES

O resultado apresentado na pesquisa destaca os valores respeito, disciplina, atitude democrática, liberdade de expressão e responsabilidade, remetendo-nos a um entendimento sobre o comportamento ético no espaço público, assim como ao comprometimento com as diretrizes filosóficas construídas pelo coletivo do Colégio.



13- Visão aparentemente contraditória com outras apresentadas, onde se observa uma visão de mundo idealista, religiosa e não materialista.

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