Blog Pedagógico C.M. Rui Barbosa

Este Blog foi criado para atender à necessidade de acesso a informações imediatas e importantes, referentes ao processo pedagógico e ao cotidiano do Colégio.

Iniciamos as postagens pelo Projeto Político-Pedagógico, em sua versão resumida, elaborada no início de 2011, por entendermos que se trata do instrumento que dá sustentação aos rumos da escola.


Em virtude do layout do Blog, as postagens ficaram em ordem invertida. Os links à esquerda ajudam na localização dos itens.


Esperamos que todos aproveitem a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido pelo C. M. Rui Barbosa, nos últimos anos.


terça-feira, 8 de março de 2011

14- Base Epistemológica

EPISTEMOLOGA

- A função social da escola é reproduzir / reconstruir os conhecimentos que foram acumulados ao longo dos tempos pelas sociedades, assim como produzir / construir novos conhecimentos.

- Se a questão central da escola é o conhecimento, necessariamente precisamos definir
a base epistemológica, que dará sustentação à metodologia e à avaliação.

- Epistemologia, termo nem sempre presente no cotidiano escolar, é a teoria da ciência, a teoria do conhecimento e da metodologia. (episteme = ciência, conhecimento; logia = estudo, teoria).

- Como existe uma multiplicidade de visões sobre a ciência, há também várias teorias epistemológicas.

CIÊNCIA
- De forma sintética, podemos destacar duas visões de ciência:

1) positivista: a ciência é uma verdade absoluta, pronta, acabada, inquestionável, definitiva, porque já foi comprovada.

2) dialética: a ciência é uma verdade relativa, que pode ser reconstruída, porque é histórica. Sendo assim, a ciência não é neutra, pois toda ciência traz consigo interesses e visões de mundo.

- Nossa concepção: a ciência não é neutra; deve servir como instrumento de compreensão e intervenção na realidade; é uma verdade relativa

CONHECIMENTO
- O conhecimento veio se constituindo de diferentes formas.

1) Sociedades Primitivas: Predomina o medo e a “ignorância” por não saberem o significado das coisas. Para explicar alguns fenômenos, criam seus deuses. O saber era repassado através de mitos e alegorias. Surgem os bruxos e feiticeiros.

2)Antiguidade (Oriental e Pré-Colombianas / Clássica: Grécia e Roma): Os feiticeiros transformam-se em sacerdotes, aliados aos reis e faraós. Surgem, na Grécia, os primeiros pensadores, que procuram explicações lógicas para os fenômenos. A Filosofia começa, então, a partir das críticas às crenças religiosas.

3) Época Medieval: Teo (=Deus) é a grande fonte de luz que explica o mundo. O conhecimento está concentrado nas mãos da Igreja, a quem cabia decidir o que era ou não “verdade”.

4) Modernidade: A chamada modernidade desloca o centro explicativo da natureza, do mundo, da sociedade do SER para o HOMEM. O homem, com sua razão, se coloca no lugar do poder divino. Temos a chegada da ciência, que passa a oferecer os meios técnicos para que o homem se converta em senhor e possuidor da natureza. Essa revolução separa radicalmente o saber científico dos saberes filosófico e teológico, considerados não científicos. Como consequência dessa reviravolta ocorre a separação dos saberes. Quanto mais a ciência avança, mais se especifica, mais se especializa, mais se fragmenta. Diante da multiplicidade de visões sobre a ciência, nasce, então, a epistemologia.

O pensamento moderno se reflete na escola até hoje: os conhecimentos são entendidos e trabalhados de forma fragmentada, os conteúdos divididos em disciplinas, o professor e o aluno vistos como transmissor e receptor desses conteúdos.

Assim, destacamos os seguintes tipos de conhecimento:
1) Mitológico: conhecimento baseado na tradição, na oralidade.
2) Religioso: conhecimento dogmático; explica os fenômenos através da fé.
3) Filosófico: conhecimento produzido a partir da reflexão, da crítica.
4) Científico: conhecimento comprovado através de pesquisas, do estudo criterioso das causas e justificativas do fenômeno. É crítico, rigoroso, segue um método.
5) Vulgar ou senso comum: conhecimento possível a todo ser humano, adquirido com as experiências de vida.

- O conhecimento filosófico “anda de mãos dadas” com o científico: um indaga, questiona sobre os fenômenos e o outro responde, buscando comprovar.

- Na escola, permanentemente estes tipos de conhecimentos entram em conflito: senso comum X conhecimento científico; senso comum X conhecimento filosófico; conhecimento religioso X conhecimento científico.

- Nossa concepção: embora os demais tipos de conhecimento perpassem o seu cotidiano, a escola tem como principal tarefa democratizar os conhecimentos científicos, garantindo uma cultura de base para todas as crianças e jovens.

- O conhecimento científico desenvolvido na escola deve ajudar o aluno a ir além do conhecimento que ele adquiriu em suas vivências, como também deve levar a uma visão crítica da realidade.

Detivemo-nos em três teorias do conhecimento:

1) Inatismo: O conhecimento é anterior à experiência.

O indivíduo depende de seu grau de maturidade para aprender. As capacidades são pré-determinadas. A inteligência, a capacidade de raciocinar são inatas e se desenvolvem graças ao processo de maturação. Coloca a força no fator interno; o ambiente interfere o mínimo. O homem já nasce pronto, em função da sua bagagem hereditária.

2) Empirismo: O conhecimento é externo ao sujeito, vem de uma informação sensorial, é transmitido do exterior para o interior do indivíduo.

Unidade básica = E-R (estímulo-resposta). Sujeito = nada tem, nada sabe, é uma “tabula rasa”. O sujeito aprende com as experiências. Coloca a força no fator externo; o ambiente é mais importante do que a maturação biológica.

3) Interacionismo / Sociointeracionismo: O conhecimento é resultado da ação que se passa entre o sujeito e um objeto, ou seja, é produzido na interação entre sujeito e objeto.

A capacidade de raciocinar é construída gradativamente, durante o desenvolvimento do sujeito, que elabora seu próprio modelo de mundo.

No movimento de conhecer, o sujeito se modifica na relação com o meio cultural, que por ele também é modificado; o sujeito é social, criador e recriador de cultura (= sociointeracionismo).. Adeptos: Piaget, Vygotsky, Gramsci, Paulo Freire.

- Nossa opção: teoria interacionista/sociointeracionista, que, na verdade contempla e integra as visões reducionistas das correntes teóricas anteriores (inatismo e empirismo).

ENSINO
- Durante muito tempo a pedagogia focou o processo de ensino-aprendizagem no professor, supondo que assim estaria valorizando o conhecimento. O ensino tomou lugar central e o processo de aprendizagem ficou em segundo plano. Como conseqüência formamos sujeitos não habituados a participar, a ponto de preferir receber coisas prontas, ao invés de construí-las.

- Hoje, ao contrário, sabe-se que o processo de ensino deve dialogar com o de aprendizagem, pois, sem aprendizagem o ensino não se realiza. “Não há docência, sem discência”, como nos indica Paulo Freire, em sua Pedagogia da Autonomia.

- Como, enfim, o professor deve ensinar? Opção pelo caminho da construção do conhecimento e não o da simples reprodução, ou seja, reforçam a teoria interacionista.

- O professor deve ser um incentivador da autonomia científica dos alunos, orientando-os a pesquisar, a estudar, a criar...

- O professor também é um aprendiz, ou seja, ele também aprende durante o processo

- O professor é um mediador, ou seja, estabelece a ponte entre o conhecimento que o aluno traz e o conhecimento científico.

- O professor deve provocar a reflexão e o debate fundamentado em pesquisa e estudo.

APRENDIZAGEM
- Como o aluno aprende? Respostas mais freqüente: buscando novas informações, pesquisando, investigando, atualizando-se, interagindo com o mundo; participando das aulas, dando opiniões baseadas em pesquisas; estabelecendo relações entre o conhecimento que ele já possui e o conhecimento científico.

- Papel do aluno no processo de ensino-aprendizagem: o aluno deve produzir conhecimento e não apenas reproduzir; deve comprometer-se com sua aprendizagem; deve ser protagonista, isto é, sujeito ativo, que usa suas experiências e seus conhecimentos para resolver as situações.

- Boas situações de aprendizagem são aquelas que partem de situações reais, ou seja, de problemas que permitam o desenvolvimento de aprendizagens significativas. Se uma aprendizagem não for significativa, sua aquisição poderá ficar comprometida.

“Significativa porque expressa a categoria da paixão: deixar-se, como sujeito a ser atravessado por um objeto; por isso, estar envolvido, interessado, ativo, em tudo que corresponde a sua assimilação”. (ENEM, 2005, p. 25).

- A aprendizagem significativa traz em si uma força política, pois ajuda o aluno a ler a realidade e possibilita que ele faça / refaça a sua própria história. Contribui, enfim, para que o aluno faça a passagem de um nível de consciência ingênua para o estágio de consciência crítica.

- Possíveis causas da não aprendizagem: falta de concentração, disciplina, atenção, de troca com colegas e professores.

CONTEÚDOS
- Os chamados de conteúdos de ensino ocupam lugar de relevância na vida escolar, porém, nem sempre são entendidos numa relação direta com a epistemologia.

- Encontrarmos escolas preocupadas com a listagem de conteúdos a serem trabalhados nas respectivas disciplinas, sem antes ter definido as concepções de ciência, de conhecimento, de ensino, de aprendizagem.

- Nossa concepção: conteúdos são conhecimentos e experiências que se leva da escola para a vida e da vida para a escola.

- Para selecionar os conteúdos, o professor deve considerar, prioritariamente, aqueles que são fundamentais para a compreensão do mundo e aqueles que vão cair no vestibular e nos concursos.

INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE
- O conhecimento é interdisciplinar, ou seja, não é construído de forma fragmentada, mas sim na interação entre as diversas áreas do conhecimento.

- A partir da década de 60, a interdisciplinaridade se manifesta, através da consciência cada vez mais clara de que a fragmentação e a consequente dissociação da teoria com a prática, vêm fazendo com que o homem se encontre despreparado para enfrentar os problemas que exigem uma visão globalizada da realidade. (Luck, 2004, p. 13-14).

- A interdisciplinaridade está indicada nas Diretrizes Curriculares do Ensino Médio (2008). “A interdisciplinaridade, nas suas variadas formas, partirá do princípio de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros conhecimentos (...)”.

- Experiência transdisciplinar no CMRB: Tema Integrador.

Síntese dos paradigmas do conhecimento, de acordo com as perspectivas de reprodução e construção, para melhor visualização dos resultados de nossos estudos.

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